segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

$$ FAMÍLIA KLEIN VENDERÁ PARTE DE SEU IMPÉRIO EM AÇÕES $$

Família vende (quase) tudo

Por meio de uma oferta secundária de ações, o clã Klein, fundador da Casas Bahia, está saindo da Via Varejo. É hora de você entrar?

Por Luiz Gustavo PACETE
Criada em 2009, a Via Varejo, empresa que resultou da união entre as redes de lojas Ponto Frio e Casas Bahia, trouxe para a sociedade uma das famílias mais tradicionais quando o assunto é balcão. Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, principal rede de vendas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis. No entanto, o que parecia impensável há alguns anos deverá ocorrer no próximo dia 16 de dezembro. Samuel e seu filho Michel deverão oferecer ao mercado 102 milhões de ações ordinárias e preferenciais da Via Varejo. 
 
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Foco nas vendas: Samuel Klein (à esq.) e seu filho Michel: redução
na participação do capital da Via Varejo de 35,4% para 27,5%
 
A operação, coordenada por Francisco Valim, ex-presidente da Oi, deve ser o segundo maior lançamento do ano, movimentando R$ 4,8 bilhões. Nela, o Grupo Pão de Açúcar, agora controlado pelo francês Casino, venderá 80 milhões de ações ordinárias e preferenciais, reduzindo sua participação na empresa de 52,4% para 46,1%. Já os Klein vão diminuir sua fatia no capital de 35,4% para 27,5%. Eles vão receber R$ 3 bilhões, e terão um ano para vender novas participações na empresa. Se os Klein estão saindo, vale a pena entrar? Paulo Pacheco, professor do Ibmec, recomenda alguns cuidados ao investidor interessado. 
 
Os resultados da empresa têm sido irregulares e o setor
deverá crescer de forma mais lenta, mas os analistas apostam
na recuperação da companhia
 
“A Via Varejo tem um contexto de endividamento e resultados instáveis, influenciados, principalmente, por desentendimentos societários”, diz ele. Outro problema é que o dinheiro captado vai para os acionistas e não para a empresa, onde poderia custear investimentos ou a redução do endividamento de R$ 1 bilhão. Outro ponto a considerar é que o comércio está diminuindo seu ritmo, após uma década vigorosa, em que o faturamento cresceu, em média, 8% ao ano. Em 2012 esse ritmo encolheu para 6,4%, o menor percentual dos últimos três anos, e deve cair para 4% em 2013. 
 
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Presença relevante: loja da Casas Bahia: enorme participação no mercado
é um dos trunfos da Via Varejo
 
“O varejo não está ruim, mas os investidores terão de se acostumar com taxas de crescimento menores”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria paulista Gouvêa de Souza, especializada no setor. Apesar do cenário ruim, os especialistas não recomendam fugir das ações. “O histórico da empresa tem sido ruim, mas a oferta pode ser o início de um novo ciclo”, diz Pacheco. Segundo o especialista, um dos principais motivos para o mau desempenho foi o desentendimento entre os sócios, que reduziu a eficiência das operações. Agora, com a mudança no comando e a profissionalização da gestão, boa parte dos problemas poderá ser solucionada. 
 
Serrentino aponta outro fato positivo. Segundo ele, apesar da desaceleração do setor, a Via Varejo, muito forte em eletrônicos, poderá ser particularmente beneficiada com as vendas da Copa do Mundo. A eleição presidencial também deverá dar uma força, graças à manutenção da redução do IPI para a linha branca e o programa Minha Casa Melhor. Paulo Brito, da corretora pernambucana HPN Investimentos, recomenda os papéis, mas no médio prazo. “Somente após o balanço do primeiro trimestre de 2014, para que o investidor tenha mais segurança dos rumos que a empresa vai tomar.” 


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